sábado, 31 de janeiro de 2009

Pequi, a fruta.


























Pequi é a fruta do cerrado
de vidas secas e alimento escasso.
O cheiro é fofoqueiro.
Não se esconde a fruta, o cheiro a denuncia.
É uma gema de ovo na cor,
Precisa cuidado pra saboreá-la.
Espinhos protegem lhe a semente,
uma saborosa castanha.
Sua cor é verde , mas por dentro é sol...
Brilhando um tempo de sabores e fartura.

Pe qui zei ro!


















Planta que sacia os pobres...
Em tempos de pequi a desnutrição diminui.
Há fartura de frutos, há sustança pro corpo.
Dessa árvore tudo se aproveita.
O fruto saboroso prato com arroz, mandioca,
carne de sol, frango.
Com leite uma bebida saborosa.
A raiz é usada em pescaria,
as follhas remédio pra femininas manifestações.
Uma bênção, uma oração.
Seus frutos não são colhidos, são doados.
Só se colhe os que a árvore deixo cair no chão.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Promessa de Futuro














As mãos da criança perpetuam
uma cultura.
É folia de reis, folia de pessoas simples...
Folia que avança no tempo.
E cresce em perspectivas nas mãos do menino.

Fole














Estica, encolhe e
o som escapole, foge.
Entra pelos ouvidos distraídos
Inunda aquele lugar.
Traz emoções, acorda recordações.
É assim que se guardam as memórias,
Histórias...

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Folia de Reis
















Festa de Reis...
Folia de encantamento,
oração e entretenimento
Herança afro, o divino entre nós.
Cantando, dançando, festando...
Também se alimentando.

Tempo em que se vive.






























Há tempo pra tudo debaixo do céu...
Tempo de festar,
tempo de riso alegre,
tempo de compartilhar,
tempo de saber que o tempo
É também companheiro.
Viver é envolver-se na inteireza da vida,
conviver com ausências e presenças.
lembranças e vivências.
Esse desenrolar...
que nos leva aonde chegar!

Presentes!

Presentes!
Presente no meu aniversário!

O que poetizam... (pra mim e de mim)

Poema

Sou um sujeito cheio de recantos.
Os desvãos me constam.
Tem hora, leio avencas.
Tem hora, Proust.
Ouço aves e beethovens.
Gosto de Bola-Sete e Charles Chaplin.

O dia vai morrer aberto em mim.

(Manoel de Barros)



E X A U S T O


Eu quero uma licença de dormir,
perdão pra descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.
Quero o que antes da vida
foi o profundo sono das espécies,
a graça de um estado.
Semente
Muito mais que raízes.

(Adélia Prado)

Poema de Mario Quintana em A cor do invisivel

Há três coisas cujo gosto não sacia
o pão, á água e o doce nome de Maria.


One Art

The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster,

Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.

Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.

I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three beloved houses went.
The art of losing isn't hard to master.

I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.

-- Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) a disaster.

(Elizabeth Bishop)

Die Liebenden
Friedrich Hölderlin

Trennen wollten wir uns? wähnten es gut und klug?
Da wirs taten, warum schröckte, wie Mord, die Tat?
Ach! wir kennen uns wenig,
Denn es waltet ein Gott in uns.


Identidade

Preciso ser um outro
para ser eu mesmo

Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta

Sou pólen sem insecto

Sou areia sustentando
o sexo das árvores

Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro

No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"